O primeiro filósofo que li ainda adolescente, um dinamarquês chamado Kierkegaard, escreveu que "a pessoa que fala sobre a vida humana, que muda com o decorrer dos anos, deve ter o cuidado de declarar a sua própria idade aos seus leitores". E isso porque não temos pela manhã as mesmas ideias que temos no fim do dia. Uma ideia dita de manhã abre um cenário. A mesma ideia dita no crepúsculo abre outro cenário diferente. Monet sabia disso. Sabia que um monte de feno que as vacas identificavam como o mesmo através das horas do dia, sob as diferentes oscilações da luz, se tornavam outros. Assim, ele não pintava o mesmo monte de feno várias vezes: ele pintava os vários montes de feno que se revelavam sob as oscilações da luz. Apresso-me, portanto, a revelar a minha idade, para que os meus leitores vejam o que estou vendo. Hoje, dia 15 de setembro de 2009, estou desfazendo 76 anos. Minha idade pinta uma paisagem crepuscular. O revisor se apressará a corrigir o meu erro. Eu devo ter me distraído, coisa compreensível na minha idade... Não há nem na literatura nem na linguagem comum exemplo desse uso estranho da palavra "desfazer" para se referir ao que acontece num aniversário. O certo é "fazer". Ato contínuo ele deletaria o "des" e o texto ficaria liso, sem causar tropeções no leitor: hoje, dia 15 de setembro, o Rubem Alves está "fazendo" 76 anos. Assim tem sido minha relação com revisores: desentendemo-nos sobre a vida e sobre as palavras... Aí me veio à memória uma observação de Rolland Barthes que não consigo repetir por não ter encontrado o livro: ele disse (perdoem-me se me engano!) gostar dos textos que fazem tropeçar e não dos textos próprios para deslizar. O deslizamento deixa os pensamentos do jeito como estavam, enquanto que o tropeção e o tombo são ocasiões para o susto e a súbita iluminação. É um equívoco contabilizar o número dos anos vividos na coluna da adição. Adição é a coluna do "mais". Diz que algo aumentou. Mas o que aumentou? A vida? Na contabilidade dos anos de vida, tudo que parece "mais" é, na realidade, um "menos". O número contabiliza os anos que foram desfeitos. Chronos é o deus cruel que devora os seus filhos... O correto seria perguntar ao aniversariante: "Quantos anos você não tem? E ele responderia "Eu não tenho 42". "Quantos anos você está desfazendo hoje? Estou desfazendo 54..." Lá estão as velinhas sobre o bolo, coroadas pelo fogo, maravilhoso símbolo da vida. Aí todos começam a bater palmas, a sorrir e a cantar: o aniversariante irá apagar as chamas com um sopro. No seu lugar ficarão os pavios negros, retorcidos, soltando fumaça, trevosos. Apagadas as velas, todos batem palmas e riem. Confesso que não entendo... Bachelard o disse com delicadeza insuperável: "A vela que se apaga é um sol que morre. O pavio se curva e escurece. A chama tomou, na escuridão que a encerra, seu ópio. E a chama morre bem; ela morre adormecendo"... Quero que minha chama se apague adormecendo. Não quero que um sopro forte apague o meu fogo. Espero que minha vela vá se desfazendo vagarosamente... No meu aniversário não haverá velinhas a serem apagadas com um sopro bruto. Vou mesmo é acender uma vela bem grande que deverá ser acesa e ficar acesa até que o último amigo se despeça. Então eu e minha vela, sozinhos como dois amantes, nos despediremos... Até o ano que vem, se os ventos não forem fortes... |
En la kalkulado de la vivojaroj, ĉio, kio
ŝajnas pli, estas malpli. Krono estas la kruela dio, kiu manĝegas siajn
idojn.
La unua filozofo, kiun mi legis, ankoraŭ en la adoleskaĝo, iu dano nomita Kierkegaard,
skribis, ke “la homo verkanta pri la homa vivo, kiu ŝanĝiĝas kun la paso de
la jaroj, nepre devas konigi sian propran aĝon al siaj legantoj”. Tiel estas,
ĉar ni ne havas en la mateno la samajn ideojn, kiujn ni havas en la fino de
la tago. Ideo esprimita en la mateno prezentas imagon. Tiu sama ideo
esprimita en la krepusko prezentas alian imagon.
Monet sciis pri tio. Li sciis, ke amaso da fojno, kiun la
bovinoj vidis sama, sub la malsamaj osciloj de la lumo fariĝis alia. Pro tio,
li ne pentris multfoje saman amason da fojno, sed li pentris multajn amasojn
da fojno, kiuj sinsekve prezentiĝis sub la osciloj de la lumo.
Mi rapidas, do, malkaŝi mian aĝon, por ke miaj legantoj vidu
tion, kion mi vidas. Hodiaŭ, la 15-a de septembro 2009, mi malkompletigas 76 jarojn.
Mia aĝo pentras krepuskan pejzaĝon.
La reviziisto urĝiĝos korekti mian eraron. Laŭ li mi certe
distriĝis, kio estas komprenebla en mia aĝo... Estas nek en la literaturo,
nek en la komunuza lingvo ekzemplo de tiu stranga uzo de la vorto
“malkompletigi” rilata al tio, kio okazas pri datreveno. Ĝuste estas diri “kompletigi”.
Tuje li forviŝus la “mal”-n, kaj la teksto fariĝus glata, ne kaŭzonte
stumblojn al la legantoj: “hodiaŭ, en la 15-a de septembro, S-ro Rubem Alves
“kompletigas” 76 jarojn. Tia estas mia interrilato kun la reviziistoj: ni ne
komprenas unu la aliajn pri la vivo kaj pri la vortoj...
Jen venis al la memoro rimarko de Rolland Barthes, kiun mi ne
sukcesas ripeti, ĉar mi ne trovis la libron: li asertis (pardonu al mi, se mi
eraras!), ke li ŝatas la tekstojn, kiuj stumbligas, kaj ne tiujn taŭgajn por
gliti. La glito lasas la pensojn tiajn, kiaj ili estis, dum la stumblo kaj la
falo estas oportunaj okazoj por la ektimo kaj por la subita prilumo.
Estas eraro kalkuli la nombron da vivitaj jaroj en la kolumno de
la adicio. Ĝi estas la kolumno de la plio. Ĝi signas, ke io pliiĝis. Tamen
kio pliiĝis? Ĉu la vivo? En la kalkulado de la vivojaroj, ĉio, kio ŝajnas
“pli”, en la vero estas “malpli”. La nombro kalkulmontras la jarojn forkonsumitajn. Krono
estas la kruela dio, kiu manĝegas siajn idojn...
Ĝuste estus demandi al la datrevenanto: “Kiom da jaroj vi ne
havas?” Kaj li respondus: “Mi ne havas 42.” “Kiom da jaroj vi
malkompletigas hodiaŭ?” “Mi malkompletigas 54...”
Jen videblas tie la kandeletoj sur la kuko, kronitaj per fajro,
mirinda simbolo de la vivo. Tiam, ĉiuj komencas klaki per la manoj, ridi kaj
kanti: la datreveranto estingos la flametojn per unu blovo. Sur ilia loko
restos la nigraj meĉoj, torditaj, eligantaj fumon, mallumaj. Post la
malflamigo de la kandeloj, ĉiuj manklakas kaj ridas. Mi konfesas, ke mi ne
komprenas...
Bachelard asertis tion tre nesupereble delikatan: “la kandelo,
kiu malflamiĝas, estas suno, kiu mortas. La meĉo kliniĝas kaj mallumiĝas. La
flameto prenis, en la mallumo, kiu ĉirkaŭvolvas ĝin, sian opion. Kaj la flamo
bone mortas. Ĝi mortas ekdormante...”
Mi volas, ke mia flamo estingiĝu ekdormante. Mi ne volas, ke
forta blovo estingu mian fajron. Mi esperas, ke mia kandelo malfariĝu lante...
En mia datreveno ne estos kandeletoj estingotaj per abrupta
blovo. Vere mi ekflamigos tre grandan kandelon, kiu estas flamigota kaj
restos flamigata ĝis post la lasta amiko foriros. Tiam, mi kaj mia kandelo,
solaj kiel du geamantoj, adiaŭos... Ĝis la venonta jaro, en la okazo se la
ventoj ne estos fortaj...
|
QUESTÕES RELACIONADAS AO DIA A DIA BILINGUÍSTICO E SOBRE CERTOS ASPECTOS DA VIDA SOCIAL POR AÍ.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
DESFAÇO 76 ANOS... / MI MALKOMPLETIGAS 76 JAROJN... – KRONIKO DE RUBEM ALVES
domingo, 20 de outubro de 2013
FRAZOJ DE CLARICE LISPECTOR
Até
cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito
que sustenta nosso edifício inteiro.
Renda-se,
como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se
preocupe em entender. Viver ultrapassa qualquer entendimento.
Minha
força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de
grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Que
ninguém se engane. Só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.
Brasília…Uma
prisão ao ar livre.
A
palavra é o meu domínio sobre o mundo.
Sou
como você me vê.
Posso
ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como
você me vê passar.
Saudade
é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a
saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra
pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um
dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Liberdade
é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
Não
quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer
sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.
Suponho
que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar
em contato...
Ou
toca, ou não toca.
Quando
se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a
acontecer dentro de nós.
É
curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso
dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não
só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que
eu digo.
Ela
acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.
E se me
achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.
Porque
eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as
compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama
verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.
Não
tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.
Olhe,
tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou
irritável e firo facilmente.
Também
sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que
eu me lembre.
Mas
tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero
sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me
entregar à desorientação.
Passei
a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.
Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha própria vida. |
Eĉ fortranĉi la proprajn difektojn povas esti danĝere. Ni neniam
scias, kiu difekto subtenas nian tutan konstruaĵon.
Kapitulacu, same kiel mi kapitulacis.
Enmetiĝu en tion, kion vi ne konas, same kiel mi enmetiĝis. Ne faru al vi la klopodon kompreni. Vivi
estas trans ĉia ajn kompreno.
Mia forto estas la soleco. Mi timas nek tempestajn pluvojn, nek
grandajn liberajn ventegojn, ĉar mi estas ankaŭ la mallumo de la nokto.
Neniu iluziiĝu: oni atingas la simplecon nur post multa laboro.
Braziljo... Prizono sub libera ĉielo.
La vorto estas mia regado super la mondo.
Mi estas tia, kia vi min vidas. Mi povas esti milda, kia zefiro,
aŭ forta, kia uragano. Dependas de tio, kiam kaj kiel vi vidas min pasi.
Sopiro iom similas al malsato. Ĝi ĉesas nur tiam, kiam ĝi manĝas
la ĉeeston. Sed kelkajn fojojn la sopiro estas tiel profunda, ke la ĉeesto ne
sufiĉas, tial ke la sopiro volas ensorbi la tutan alian homon. Tiu volemo de
unu esti la alia, por tuta unuiĝo, estas unu el la sentoj plej satigendaj,
kiujn oni havas en la vivo.
La libereco estas nesufiĉa. Tio, kion mi deziras, ankoraŭ ne havas
nomon.
Mi ne volas havi la teruran limiĝon de tiu, kiu vivas nur laŭ
tio, kio devas havi sencon. Mi ne: mi volas inventitan veron.
Mi kredas, ke kompreni min ne estas demando pri intelekto, sed jes
pri tio, senti... kontaktiĝi... Aŭ oni tuŝas, aŭ ne tuŝas.
Kiam ni amas, ni ne bezonas kompreni tion, kio okazas ekstere, ĉar
ĉio tiame okazas interne de ni.
Estas kurioze, ke mi ne scias diri, kiu estas mi. En la vero mi
bone scias, sed mi ne povas diri. Precipe mi timas diri, ĉar, en la momento,
kiam mi provas priparoli, mi ne nur ne esprimas tion, kion mi sentas, sed ankaŭ tio,
kion mi sentas, lante transformiĝas en tion, kion mi diras.
Mi kredis pri anĝeloj, kaj, ĉar mi kredis pri ili, ili ekzistis.
Se vi trovas min stranga, respektu tion ankaŭ. Eĉ mi estis
devigita respekti min.
Okazis, ke mi faris pri la amo malĝustan matematikan kalkulon: mi
pensis, ke, sumigante la komprenojn, mi amis. Mi ne sciis, ke estas per la
sumigo de la malkomprenoj, ke oni amas. Ĉar, nur pro tio, ke mi ricevadis
kareson, mi pensadis, ke ami estas facile.
Mi havas tempon por nenio pli. Esti feliĉa min tre okupas.
Vidu, mi havas la animon troparoleman, kaj mi uzas malmultajn
vortojn.
Mi estas iritiĝema kaj vundas facile. Mi ankaŭ estas tre trankvila
kaj pardonas tuje. Mi neniam forgesas. Tamen estas malmultaj okazintaĵoj, pri
kiuj mi memoras.
Mi timas tion, kio estas nova, kaj mi timas sperti tion, kion mi
ne komprenas. Mi ĉiam volas havi almenaŭ la certecon pensi, ke mi komprenas. Mi
ne emas doniĝi al la senkonsileco.
Mi pasigis la vivon provante korekti la erarojn, kiujn mi faris en
mia dezirego malerari.
Mi skribas, kvazaŭ por savi ies vivon, probable mian propran vivon. |
MEU IDEAL SERIA ESCREVER... / MIA DEZIRO ESTUS SKRIBI... - KRONIKO DE RUBEM BRAGA
Meu
ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está
doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse,
risse tanto que chegasse a chorar e dissesse -- "ai meu Deus, que
história mais engraçada!". E então a contasse para a cozinheira e
telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem
ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão
alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente
louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela
mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si
própria -- "mas essa história é mesmo muito engraçada!".
Que um
casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a
mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse
atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que
aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má vontade,
tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois
rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele
riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os
dois a alegria perdida de estarem juntos.
Que nas
cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse
-- e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que
todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do
distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e
também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse --
"por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender
ninguém!" E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus
dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha
história.
E que
ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e
fosse atribuída a um persa, na
Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês, em Chicago -- mas
que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu
encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito
pobre, muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca ouvi uma história assim
tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até
hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum
homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um
santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma
história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é
divina".
E quando
todos me perguntassem -- "mas de onde é que você tirou essa
história?" -- eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por
acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que
por sinal começara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma
história...".
E eu
esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha
história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está
doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela
pequena casa cinzenta de meu bairro.
|
Mia
deziro estus skribi historion tiel amuzan, ke tiu malsana junulino en tiu
griza domo, traleginte mian historion en ĵurnalo, ridus, tiel ridus, ke ŝi
ekplorus kaj dirus – “Ho, mia Dio, kia amuza historio ĝi estas!” Tiam ŝi
rakontus al la kuiristino kaj telefonus al du aŭ tri amikinoj, por rerakonti
la historion. Kaj ĉiuj, al kiuj ŝi rakontus, multe ridus kaj restus ĝoje
surprizitaj vidi ŝin tiel gaja. Ha, se nur mia historio efikus kiel
sunradio nerezisteble blonda, varma, vivanta en ŝia vivo de malsocietema,
funebreca, malsana junulino. Ŝi mem mirus, aŭdante sian propran ridon, kaj
poste ŝi ripetus al si – “tiu historio estas ja tre amuza!”.
Unu
geedza paro estus hejme malbonhumora, la edzo tre ĉagrenita pro la edzino, la
edzino tre kolera kontraŭ la edzo, sed tiu paro estus atingita de mia
historio. La edzo legus ĝin kaj komencus ridi, kio pliakrigus la koleron de
la virino. Tamen, post kiam, malgraŭ sia malbonvolo, ŝi ekkonus la historion,
ankaŭ ŝi multe ridus, kaj restus ambaŭ ili ridantaj, unu ne povante rigardi
la duan sen ridi denove; kaj unu, aŭdante tiun ridadon de la dua, rememorus
la feliĉan tempon de amindumo, kaj jen ili retrovus la perditan ĝojon esti
kune.
En la
prizonojn, en la hospitalojn, en ĉiujn atendoĉambrojn mia historio alvenus –
tiel alloge senpage, tiel nerezisteble, tiel kolore kaj tiel pure, ke ĉiuj
purigus siajn korojn per larmoj de ĝojo. La distrikta policestro, leginte mian
historion, liberigus tiujn ebriulojn kaj ankaŭ tiujn povrajn virinojn
kaptitajn de sur la trotuaro, kaj li dirus al ili – “Bonvolu konduti bone.
Diable! Mi ŝatas aresti neniun!”
Tiam,
ĉiuj traktus pli bone siajn dungitojn, siajn dependantojn kaj siajn
similulojn, je ĝoja kaj spontanea honoro al mia historio.
Ĝi iom
post iom disiĝus tra la mondo kaj estus rakontata en mil manieroj, kaj ĝi
estus atribuita al iu perso en Niĝerio, al iu aŭstraliano en Dublino, al iu
japano en Ĉikago – sed tamen en ĉiuj lingvoj ĝi konservus sian freŝecon, sian
purecon, sian surprizan allogecon; kaj, en la profundo de iu vilaĝo en
Ĉinujo, iu tre malriĉa ĉino, tre saĝa kaj maljuna, dirus: “Mi neniam antaŭe
aŭskultis tiel amuzan kaj tiel bonan historion en mia tuta vivo; valoris la
penon vivi ĝis hodiaŭ, por aŭskulti ĝin; tiu historio ne povas esti kreita de
iu homo, sed certe de iu babilema anĝelo, kiu rakontis ĝin ĉe la oreloj de
sanktulo, kiu dormis, sed kiun li opiniis jam mortinta; jes, certe ĝi estas
ĉiela historio, kiu hazarde filtriĝis en nian sciadon; ĝi esta dia”.
Kaj kiam
la aliaj demandus min – “sed kiel do vi elpensis tiun historion?” – tiam mi
respondus, ke ĝi ne estas mia, ke mi aŭskultis ĝin hazarde sur la strato, de
iu nekonato, kiu rakontis ĝin al alia nekonato, ĉene, per la sekvantaj
komencaj vortoj: “Hieraŭ mi aŭdis iun rakonti historion...”.
Kaj jen
mi plene kaŝus la simplan veron, nome, ke mi kreis tiun mian tutan historion
en unu sola sekundo, kiam mi ekpensis pri la malĝojo de tiu junulino, kiu
estas malsana, kiu ĉiam estas malsana kaj ĉiam estas funebreca kaj sola en
tiu malgranda griza domo en mia kvartalo.”
|
RARA LUA CHEIA NA NOVA ZELÂNDIA / RARA PLENLUNO EN NOV-ZELANDO
22/05/2013
O australiano Mark Gee filmou em vídeo uma belíssíma imagem da
lua subindo sobre o Mirante do Monte Victoria em Wellington (Nova Zelândia). Em poucos dias, o vídeo
alcançou 110 mil acessos reproduções e é sucesso da Web Vimeo.
“As pessoas se reuniram lá em cima essa noite para ter a
melhor vista possível do nascer da lua. A captura e filmagem do vídeo foi
feita a 2,1 quilômetros de distância, e do outro lado da cidade”,
explicou Gee na descrição do vídeo.
Segundo o autor, o material está como foi filmado, sem nenhum
tipo de manipulação.
|
La aŭtraliano Mark Gee videofilmis belegan bildon de la luno supreniranta
el malantaŭ la belvidejo de la Monto Viktoria en Velingtono, Nov-Zelando. Post malmultaj tagoj la videaĵo estis
110-milfoje alir-prezentata kaj furoras en Ret-Vimeo.
“La homoj kuniĝis tie supre ĉi-nokte, por plej bone rigardi la
lunnaskiĝon. La kaptado kaj filmado de la bildo estis faritaj je distanco de
2,1 kilometroj kaj ĉe la alia flanko de la urbo”, klarigis
Gee en la priskribo de la videaĵo.
Laŭ la aŭtoro la rezultaĵo estas tia, kia ĝi estis filmata, sen
ia ajn manipulo.
|
."Es algo que he querido fotografiar por un largo
tiempo. Hubo mucha planificación e intentos fallidos", aseguró Mark
Gee.
ES UN VIDEO DE UNOS 3
MINUTOS, de una belleza increible.
Jen estas
la filmo: http://player.vimeo.com/video/58385453?autoplay=1
|
FRASES A PENSAR / PRIPENSINDAJ FRAZOJ
“Ninguém
sabe escrever.” – Eça de Queiroz
“A cada manhã,
para ganhar meu pão, vou ao mercado onde mentiras são compradas. Esperançoso,
tomo lugar entre os vendedores.” – Bertold Brecht
"O artista
tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para
todos, melhor ainda." - Nelson Rodrigues
"Eu
temo o dia em que a tecnologia ultrapassar a interatividade humana. O mundo terá
uma geração de idiotas." - Albert Einstein
------------------------------------------
"Seja
a mudança que você quer ver no mundo" - Mahatma Gandhi
"Ignorância
e apatia são as mais perigosas armas de destruição em massa" - Baharam Maskanian
"O dia
em que o poder do amor superar o amor pelo poder, o mundo encontrará a paz"
- Jimi Hendrix
"Toda
a verdade atravessa três fases: Primeira, é ridicularizada; Segunda, é violentamente
contrariada; Terceira, é aceita como a própria prova." - Arthur Schopenhauer
"O mundo
é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim
por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer"- Albert Einstein
"Os
governos são as sombras lançadas pelas coorporações sobre a sociedade" -
John Dewey
"O conhecimento
nos faz responsáveis." - Che Guevara
"A confiança
nasce do conhecimento." - Bruce Lee
"Não
preciso ler jornais; sou capaz de mentir sozinho" - Bob Marley
"Verdade
libertadora é uma realidade somente, e na medida em que for
experimentada
e vivida pelo próprio indivíduo, é uma verdade que transcende estilos e disciplinas."
- Bruce Lee
"Existem
dois tipos de história mundial: uma é a oficial, mentirosa, própria
para as salas
de aula; a outra é a história secreta, que esconde a verdadeira causa dos acontecimentos."
- Honore Balzac
"Toda
a indústria da propaganda e a sociedade de consumo entrariam em colapso se as
pessoas se tornassem iluminadas e deixassem de tentar encontrar as suas identidades
através dos objetos." - Eckhart Tolle
"Basta
olhar para nós. Tudo está ao contrário, está de cabeça para baixo. Os
médicos destroem
a saúde,os advogados destroem a justiça, as universidades destroem o conhecimento,
os governos destroem a liberdade, a grande mídia destroí as informações e as religiões
destroem
a espiritualidade" - Michael Ellner
|
“Neniu scias
verki.” - Eça de Queiroz
“Ĉiumatene,
por vivteni min, mi iras al la komercejo, kie mensogoj estas aĉetataj. Esperplene,
mi prenas lokon inter la vendistoj.” – Bertold Brecht
"La
artisto devas esti genia por kelkaj, sed samtempe stulta por kelkaj aliaj. Se
li povos esti stulta por ĉiuj, des pli bone. - Nelson Rodrigues
"Mi
timas pri la tago, kiam la teknologio estos pli alloga ol la homa rekta interago.
Tiam la mondo havos generacion de idiotoj." - Albert Einstein
----------------------------------------------
"Estu
la ŝanĝo, kiun vi volas vidi en la mondo." - Mahatma Gandhi
"Nescio
kaj apatio estas la plej danĝeraj armiloj por amasdetruado."
- Baharam
Maskanian
"En
la tago kiam la povo de la amo superos la amon al la povo, tiam la mondo trovos
la pacon." - Jimi Hendrix
"Ĉiu
vero trapasas tri fazojn: En la unua, ĝi estas mokata; en la dua, ĝi estas perforte
kontraŭata; en la tria, ĝi estas akceptata kiel sia pruvo mem." - Arthur
Schopenhauer
"La
mondo estas danĝera loko por vivi, ne pro tiuj, kiuj faras la malbonon, sed pro
tiuj, kiuj observas kaj lasas la malbonon okazi." - Albert Einstein
"La
registaroj estas la ombroj ĵetataj de la korporacioj sur la socion." - John
Dewey
"La
konado faras nin respondecaj." - Che Guevara
"La
fido naskiĝas el la konado." - Bruce Lee
"Mi
ne bezonas legi gazetojn; mi estas kapabla mensogi sola." - Bob Marley
"Liberiga
vero estas nur realeco, kaj laŭmezure kiel ĝi estas spertata kaj vivigata de la
propra individuo, ĝi estas vero kiu transcendas stilojn kaj disciplinon."
- Bruce Lee
"Ekzistas
du specoj de monda historio: unu estas la
oficiala, mensoga, adekvata al la lernoĉambroj; la alia estas la sekreta
historio, kiu kaŝas la veran kaŭzon de la okazaĵoj." - Honoré de Balzac
"La
tuta industrio pri la propagando kaj la konsumisma socio kolapsus, se la homoj
iluminiĝus kaj lasus provi renkonti sian identecon pere de la objektoj."
- Eckhart Tolle
"Sufiĉas
rigardi al ni mem. Ĉio estas en kontraŭa direkto, kapomalsupren renversita. La
kuracistoj detruas la sanon, la advokatoj detruas la justicon, la universitatoj
detruas la konadon, la
registaroj
detruas la liberecon, la grandaj amaskomunikiloj detruas la informojn kaj la religioj
detruas la spiritualecon." - Michael Ellner
|
A LIÇÃO DO VELHO SAMURAI / LA LECIONO DE LA MALJUNA SAMURAJO
Perto de Tóquio
vivia um grande samurai, já idoso, que adorava ensinar sua filosofia para os
jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda que ele ainda era capaz de
derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E, conhecendo a reputação do velho samurai, estava ali para derrotá-lo, aumentando sua fama de vencedor. Todos os estudantes manifestaram-se contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos - ofendeu inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se. Desapontados pelo fato do mestre ter aceito tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós? - Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? - perguntou o velho samurai. - A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos. - O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo. A sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma. Só se você permitir... |
Proksime de Tokio
vivis granda maljuna samurajo. Li tre ŝatis instrui sian luktarton al la
junuloj. Malgraŭ lia maljuneco, ekzistis la legendo, ke li ankoraŭ kapablis
venki ian ajn kontraŭbatalanton.
En iu vespero
aperis tie aliloka luktisto, kiu estis konata pro sia tuta manko de
skrupuloj. Li famis pro tio, ke li utiligis teknikojn de incito: li esperis,
ke lia rivalo faros la unuan movon, kaj, dotita de privilegia lerteco profiti
de faritaj mismovoj, li kontraŭatakis kun fulma rapideco.
Tiu juna kaj
senpacienca luktisto neniam malgajnis ununuran lukton. Kaj, sciinte pri la
reputacio de la iama samurajo, li venis tien, por venki lin kaj tiel
pligrandigi sian famon kiel venkemulo.
Ĉiuj lernantoj
esprimis sin kontraŭ tiu ideo, sed la maljunulo akceptis la defion.
Ĉiuj kuniĝis en la placo
de la urbo, kaj tie la juna luktisto komencis insulti la maljunan majstron.
Li piedĵetis kelkajn ŝtonojn en lian direkton, li kraĉis sur lian vizaĝon,
kaj li kriis ĉiujn konatajn sakraĵojn. Li ofendis eĉ liajn prapatrojn.
Longe li faris ĉion
eblan por provoki lin, sed la maljuna majstro daŭris indiferenta.
Ĉe la noktiĝo,
sentinte sin jam elĉerpita kaj humiligita, la impetema luktisto foriris.
Desapontite pro
tio, ke la majstro suferis tiom da insultoj kaj provokoj, la lernantoj lin
demandis:
- Kiel vi povis
toleri tiom da insultoj? Kial vi ne uzis vian spadon, eĉ sciante, ke vi
povus malvenki la lukton, anstataŭ ŝajnigi vin malkuraĝa antaŭ ĉiuj ni?
- Se iu etendas al
vi donacon, kaj vi ne akceptas ĝin, al kiu do apartenas la donaco? - demandis
la samurajo.
- Al tiu, kiu
provis doni ĝin - respondis unu el la disĉiploj.
- La samo validas
por la envio, la kolero kaj la insultoj - diris la majstro. Kiam ili ne estas
akceptataj, tiam ili plu apartenas al tiu, kiu tenas ilin kun si.
Via interna paco
dependas ekskluzive de vi.
Aliuloj ne povas
elpreni vian trankvilecon, escepte se vi tion permesos...
|
A FÉ DE ALBERT EINSTEIN / LA FIDO DE ALBERTO EJNŜTEJNO
"A
opinião comum de que sou ateu repousa sobre grave erro. Quem a pretende
deduzir de minhas teorias científicas não as entendeu.
Creio
em um Deus pessoal
e posso dizer que, nunca, em minha vida, cedi a uma ideologia atéia.
Não
há oposição entre a ciência e a
religião. Apenas há cientistas atrasados, que professam ideias que
datam de 1880.
Aos
dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e
casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior doátomo não reinam a
harmonia e a regularidade que estes cientistas costumam pressupor. Nele se
depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas
reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à
intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a
harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria.
Há,
porém, várias maneiras de se representar Deus.
*
Alguns o representam como o Deus mecânico, que
intervém no mundo para modificar as leis da natureza e o curso dos
acontecimentos. Querem pô-lo a seu serviço, por meio de fórmulas
mágicas. É o Deus de certos primitivos, antigos ou
modernos.
* Outros o representam como o Deus jurídico,
legislador e agente policial da moralidade, que impõe o medo e estabelece
distâncias.
* Outros, enfim, como o Deus interior,
que dirige por dentro todas as coisas e que se revela aos homens no mais
íntimo da consciência.”
A
mais bela e profunda emoção que se pode experimentar é a sensação do místico. Este
é o semeador da verdadeira ciência. Aquele a quem
seja estranha tal sensação, aquele que não mais possa devanear e ser
empolgado pelo encantamento, não passa, em verdade, de um morto.
Saber
que realmente existe aquilo que é impenetrável a nós, e que se manifesta como
a mais alta das sabedorias e a mais radiosa das belezas, que as nossas
faculdades embotadas só podem entender em suas formas mais primitivas, esse
conhecimento, esse sentimento está no centro mesmo da verdadeira religiosidade.
A
experiência cósmica religiosa é a mais forte e a mais nobre fonte de pesquisa científica.
Minha religião consiste
em humilde admiração do espírito superior e ilimitado que se revela nos
menores detalhes que podemos perceber em nossos espíritos frágeis e incertos.
Essa convicção, profundamente emocional na presença de um poder racionalmente
superior, que se revela no incompreensível universo, é a ideias que faço de
Deus."
|
"La
komuna opinio, ke mi estas ateisto, baziĝas sur grava eraro. Kiuj pretendas
dedukti ĝin el miaj sciencaj teorioj, tiuj ja ne komprenis tiujn ĉi.
Mi
kredas je intima Dio, kaj mi rajtas aserti, ke neniam en mia vivo mi cedis al
ateisma ideologio.
Ne
estas opozicio inter la Scienco kaj la Religio. Estas nur malprogresemaj sciencistoj,
kiuj adoptas ideojn el 1880.
En mia dek-oka jaraĝo, mi jam taksis la
teoriojn pri la meĥanisma kaj hazardisma evoluciismo senrimede malmodernaj.
En la interno de la atomo ne regas la harmonio kaj la reguleco, kiujn tiaj
sciencistoj kutimas supozi. El ĝi deduktiĝas nur probablaj leĝoj, formulitaj
surbaze de reformeblaj statistikoj. Nu, tiu malprecizeco, en la materia
kampo, naskas okazon al la interveno de iu kaŭzo, kiu produktas la ekvilibron
kaj la harmonion de tiuj malsimilaj kaj kontraŭdiraj reagoj de la materio.
Ekzistas,
tamen, multaj manieroj reprezenti Dion.
*
Kelkaj reprezentas Lin kiel meĥanisma Dio, kiu intervenas en la mondon por
modifi la naturleĝojn kaj la sinsekvon de la okazaĵoj. Ili volas meti Lin je
ilia servo, pere de magiaj formuloj. Estas
*
Aliaj reprezentas Lin kiel la jura Dio, leĝofaranto kaj polica agento de la
moraleco, kiu trudas timon kaj determinas distancojn.
*
Aliaj, fine, reprezentas Lin kiel la interna Dio, kiu gvidas de interne ĉiujn
aferojn, kaj kiu sin revelacias al la homoj en la plej funda intimeco de ties
konsciencoj.
La
plej bela kaj profunda emocio, kiun oni povas ĝui, estas la sento de
mistikulo. Tiu ĉi estas la semanto de la vera scienco. Tiu, al kiu estas
stranga tia sento, kaj tiu, kiu ne plu povas fantazii kaj esti ravita de la
sorĉo, estas nenio alia, ol mortinto.
Scii,
ke efektive ekzistas tiu, kiu estas neklarigebla al ni, kaj kiu sin
manifestas kiel la plej supera el la saĝoj kaj la plej radianta el la belaĵoj,
kiun niaj senbrilaj kapabloj povas kompreni nur pere de Liaj formoj plej
primitivaj. Tiu kono, tiu sento estas en la centro mem de la vera religieco.
La
kosma religia sperto estas la plej forta kaj la plej nobla fonto de scienca
serĉado.
Mia
religio konsistas el humila admiro al la supera kaj senlima spirito, kiu sin
revelacias pere de la malplej grandaj detaloj, kiujn ni povas percepti en
niaj fragilaj kaj necertaj spiritoj. Tiu konvinkiteco, profunde emocia antaŭ
iu povo racie supera, kiu sin revelacias en la nekomprenebla universo, estas
la ideo, kiun mi havas pri Dio."
|
FONTO: www.guia.heu.nom.br/fe_de_albert_einstein.htm
A ALMA DOS DIFERENTES / LA ANIMO DE LA DIFERENCULOJ – KRONIKO DE ARTUR DA TÁVOLA
Ah, o diferente, esse ser
especial!
Diferente não é quem
pretenda ser. Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser
diferente.
Diferente é quem foi dotado
de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os
outros. Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não agüentar,
caso um dia venham, a ser. O diferente é um ser sempre mais próximo da
perfeição.
O diferente nunca é um
chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados;
vitórias, adiadas; esperanças, mortas. Um diferente medroso, este sim, acaba
transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.
Os diferentes muito
inteligentes percebem porque os outros não os entendem. Os diferentes
raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro. Diferente que
se preza entende o porque de quem o agride. Se o diferente se mediocrizar,
mergulhará no complexo de inferioridade.
O diferente paga sempre o
preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos,
carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente
igual: a inveja do comum; o ódio do mediano. O verdadeiro diferente sabe que
nunca tem razão, mas que está sempre certo.
O diferente começa a sofrer
cedo, já no primário, onde os demais de mãos dadas, e até mesmo alguns
adultos por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e
potencial em aleijão e caricatura. O que é percepção
aguçada em: "Puxa,
fulano, como você é complicado". O que é o embrião de um estilo próprio
em : "Você não está vendo como todo mundo faz? "
O diferente carrega desde
cedo apelidos e marcações os quais acaba incorporando. Só os diferentes mais
fortes do que o mundo se transformam nos seus grandes modificadores.
Diferente é o que vê mais
longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a
perceber. Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno agridem e
gargalham. É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda
onde outros burram. Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem.
Sonha entre realistas. Concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião
de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham.
Diferente é o que fica
doendo onde a alegria impera. Aceita empregos que ninguém supõe. Perde horas
em coisas que só ele sabe importantes. Engorda onde não deve. Diz sempre na
hora de calar. Cala nas horas erradas. Não desiste de lutar pela harmonia.
Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta
mais de jogar do que de ganhar. Ele aprendeu a superar riso, deboche,
escárnio, e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.
Os diferentes aí estão:
enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, inteligentes em
excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos,
joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha,
de malícia ou de baba. Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser,
conseguindo ser, sendo muito mais.
A alma dos diferentes é
feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam
para os pouco capazes de os sentir entender. Nessas moradas estão tesouros da
ternura humana. De que só os diferentes são capazes.
Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja
suficientemente forte para suportá-lo depois.”
|
Ha,
la diferenculo, tiu speciala estulo!
Diferenculo
ne estas tiu, kiu pretendas esti. Tiu ĉi estas nur imitanto de tio, kio
ankoraŭ ne estis imitata, sed li neniel estas diferenca estulo.
Diferenculo
estas tiu, kiu estas dotita de kelkaj plioj kaj kelkaj malplioj en horo,
momento kaj loko malĝustaj, laŭ aliaj kiuj mokridas lin de envio ne esti same
dotitaj, kaj kiuj timas suferi, se ili estonte estos same dotitaj.
La
diferenculo neniam estas tedulo. Sed li estas ĉiam misdifinata de homoj
malpli sentemaj kaj malpli atentemaj, kiuj opinias renkonti tedulon tie, kie
estas diferenculo.
Pro tio
talentoj estas forrifuzataj, venkoj estas prokrastataj kaj esperoj estas mortigataj.
Timema
diferenculo, jes, fine transformiĝas en tedulon. Tedulo estas nesukcesinta
diferenculo.
La
tre inteligentaj diferenculoj perceptas, kial la aliaj ne komprenas ilin. La
koleremaj diferenculoj, en la fino, pravas solaj kontraŭ la tuta mondo.
Memfida
diferenculo komprenas la kialon de tiu, kiu ofendas lin. Se diferenculo
mezvalorigos sin, tiam li ĵetos sin en la komplekson de malsupereco.
La
diferenculo, eĉ nevole, ĉiam elportas la ŝarĝon esti ŝanĝanta ion, minacanta
gregojn, ŝafojn kaj paŝtistojn. La diferenculo subtenas kaj digestas la
koleron de tiuj nerebonigeble egalaj, la envion de la ordinaruloj, la malamon
de la mezemuloj.
La
vera diferenculo konscias, ke li neniam pravas, sed ke li estas ĉiam konforma
al la vero.
La
diferenculo komencas suferi frue, jam en la elementa lernejo, kie la ceteruletoj,
samsintene, kaj eĉ ankaux kelkaj plenaĝuloj, per preterlaso, unuigas sin, por
ŝanĝi tion, kio estas specialaĵo kaj potencialo, en kriplaĵon kaj
karikaturon; tion, kio estas fajna percepto, en: “Ho, tiaulo! Kiel komplika
vi estas!”; tion, kio estas la embrio de propra stilo, en: “Ĉu vi ne atentas,
kiel la aliaj faras?”
Ekde
frue, la diferenculo portas moknomojn kaj stampojn, kiujn li iom post iom
asimilas. Nur la diferenculoj
pli fortaj ol la mondo transformas sin en ĝiajn grandajn modifantojn.
Diferenculo
estas tiu, kiu vidas pli transmalproksimen ol la konvenularo; tiu, kiu sentas
eĉ antaŭ ol tiuj, kiuj komencas percepti. Diferenculo estas tiu, kiu
emociiĝas, dum ĉiuj aliaj ĉirkaŭe agresas kaj ridegas. Estas
tiu, kiu dikiĝas iom pli; tiu, kiu ploras tiam, kiam aliaj insultas; tiu, kiu
studas, dum aliaj azeniĝas. Li volas tiam, kiam aliaj laciĝas. Li atendas el
tio, kio jam elĉerpiĝis. Li revas inter realistoj, kaj li konkretigas inter
revuloj. Li parolas pri lakto en rondo de ebriuloj; li kreas tie, kie la kutimo
rutinigas; li suferas tiam, kiam la aliaj gajnas.
Diferenculo estas tiu,
kiu sentas doloron tie, kie regas la gajeco; tiu, kiu akceptas dungon, kiun
neniu povas prezenti al si. Li perdas horojn kun aferoj, kiujn nur li rekonas
gravaj. Li dikiĝas tie, kie li ne devas.
Li ĉiam diras ion en
momento silenti, kaj li silentas en malĝustaj horoj. Li ne rezignas batali
por la harmonio. Li parolas pri
amo meze de la milito. Li lasas la kontraŭulon fari la golon, ĉar li pli
ŝatas ludi, ol gajni.
Li
lernis superi la firidon, la mokadon, la rikanadon kaj la doloran konscion, surbaze
de tio, ke la plimulto estas malbona, ĉar ĝi estas sameca.
La
diferenculoj estas ĉie. Ili estas malsanaj, paralizitaj, vunditaj,
dikiĝintaj, maldikegaj, blindaj, inteligentegaj, tro kapablaj por tiu
posteno, esceptemaj, longnazaj, dikventraj, grandgenuaj, grandpiedaj,
misvestitaj, plenaj de aknoj, de artifikoj, de ruzaĵoj aŭ de babilaĵo.
Jen
ili estas tie kaj tie, dolorantaj kaj dolorantaj, sed penantaj esti,
sukcesantaj esti, estantaj multe pli.
La
animo de la diferenculoj estas farita el transa lumo. Ĝia stelo posedas
ravajn loĝejojn, kiujn ili gardas al tiuj malmultaj kapablaj senti kaj
kompreni ilin.
En
tiuj loĝejoj estas trezoroj de la homa tenereco, kiujn nur la diferenculoj
kapablas estigi.
Ne tuŝu la amon de diferenculo, escepte
se vi estas sufiĉe forta subteni ĝin poste.
|
Assinar:
Postagens (Atom)